sábado, abril 26, 2025
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Em um feito inédito para o cinema brasileiro, o filme Ainda Estou Aqui foi indicado ao Oscar de Melhor Filme em 2025. A obra dirigida por Walter Salles também disputa nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz – para Fernanda Torres.

A indicação de Ainda Estou Aqui ao Oscar foi impulsionada pela excelência do filme, pela vitória histórica de Fernanda Torres no Globo de Ouro e pelo forte engajamento do público nas redes sociais.

Em entrevista exclusiva ao Brasil Today, Maria Manoella, atriz de Ainda Estou Aqui com mais de 20 anos de carreira e participações em séries de destaque, como Filhos do Carnaval, Mandrake, JK e Espinosa, revelou bastidores inéditos do filme.

Entrevista com Maria Manoella, atriz de Ainda Estou Aqui

No cinema, Maria Manoella atuou em mais de 18 filmes, incluindo Crime Delicado, de Beto Brant, A Mulher Invisível, de Cláudio Torres, Jogo das Decapitações, de Sérgio Bianchi, e Vermelho Russo, de Charly Braun. Além disso, seu currículo inclui mais de 30 peças teatrais.

Desde seus primeiros trabalhos, Maria Manoella demonstrou uma habilidade ímpar para se conectar com as personagens que interpreta, transmitindo emoções genuínas e tornando cada papel único.

Sua atuação em filmes como A Mulher Invisível e A Vida Invisível a consagrou como uma das grandes atrizes de sua geração, destacando-se por abordar temas delicados e complexos com profundidade.

Maria Manoella Ainda Estou Aqui

Maria Manoella concedeu entrevista exclusiva ao Brasil Today (Divulgação/TV Globo)

Em Ainda Estou Aqui, Maria Manoella dá vida a Vera na fase adulta, uma das filhas de Eunice Paiva. Nesse papel, a atriz demonstra uma sensibilidade marcante ao interpretar uma mulher que precisou seguir em frente.

Junto com sua família, carregaram as feridas deixadas pela repressão política e ausência do pai. Maria Manoella transmite com naturalidade o sentimento de resiliência diante da dor, contribuindo para a atmosfera emocionalmente intensa do filme.

Como foi o processo de laboratório do filme?

Estivemos envolvidos com o projeto por cerca de 1 ano e pouco. Tivemos uma preparação de atores muito intensa com Amanda Gabriel, uma preparadora de elenco excepcional. Realizamos ensaios, leituras, conversas com Amanda e trabalhamos na caracterização dos personagens.

Como o filme abrange várias fases da vida dos personagens, contamos com o trabalho de dois excelentes maquiadores especializados em efeitos e caracterização, responsáveis por executar o processo de envelhecimento dos atores. São detalhes sutis que, às vezes, o espectador nem percebe na tela, mas que exigiam cerca de 2 horas de caracterização para cada ator.

Os maquiadores desenhavam linhas de expressão, pintavam os cabelos ou aplicavam perucas, entre outros detalhes. Todo esse trabalho minucioso fazia parte da preparação dos atores para o filme.

E todos leram o livro que inspirou o filme e participaram de diversas conversas com os roteiristas, Walter, a equipe e a preparadora, enriquecendo ainda mais o processo criativo.

2. De que forma você se conectou com a história pessoal de Vera Paiva?

Tenho uma relação muito pessoal com este filme, primeiramente porque sou amiga próxima do Marcelo e do Chico, filho da Veroca. Por isso, tenho uma conexão especial com a história.

Conheci a Dona Eunice há cerca de 15 ou 20 anos, quando estive com ela no Rio de Janeiro, o que reforçou ainda mais meu envolvimento com a narrativa.

Além do vínculo afetivo com a família, também me sinto profundamente conectada às questões sociais e políticas abordadas no filme, o que torna essa experiência ainda mais significativa para mim.

Maria Manoella Vera Paiva Valentina Herszage

Maria Manoella, Vera Paiva e Valentina Herszage durante a estreia do filme Ainda Estou Aqui na Mostra SP (Foto: Nicolau Mitsuo Satudi)

3. Como foi o contato com Marcelo Rubens Paiva durante as filmagens?

Como mencionei anteriormente, o Marcelo é um grande amigo e uma pessoa muito próxima a mim. Li o livro em 2013, se não me engano, quando foi lançado na Flip.

Na ocasião, estive presente na mesa do Marcelo e acompanhei o debate sobre o livro durante o evento. É uma obra que já me impacta profundamente há muitos anos, e minha relação com o Marcelo sempre foi muito próxima.

Ele esteve presente em alguns dias no set de gravação e sempre teve total liberdade para participar. Houve momentos em que eu ligava para ele durante as filmagens para perguntar, compartilhar ou discutir algo.

Filmamos as últimas cenas do terceiro ato – que mostram a Dona Eunice já idosa –, interpretada pela Fernanda Montenegro – no prédio do Marcelo. Inclusive, algumas cenas gravadas lá acabaram não entrando no filme.

E o Marcelo foi um dos roteiristas e colaboradores do roteiro, estando muito presente em todo o processo criativo. Teve uma contribuição essencial para a construção do filme.

Maria Manoella e Marcelo Rubens Paiva

Maria Manoella e Marcelo Rubens Paiva durante a estreia do filme Ainda Estou Aqui na Mostra SP (Foto: Nicolau Mitsuo Satudi)

4. Quais desafios você encontrou ao se aprofundar no universo do filme?

Acredito que o desafio foi contar essa história sem transformá-la em um melodrama ou vitimizar os personagens. A Fernanda Torres costuma dizer algo muito interessante, que vou tomar emprestado: “Se tivéssemos abordado a narrativa sob a chave do drama ou do melodrama, talvez não conseguíssemos agir”.

Ficaria apenas no impacto do sofrimento, no choro e na tristeza. Mas essa era uma família que precisou agir, que teve que se reinventar, sair daquele lugar e atravessar o percurso necessário para superar as adversidades.

Essa necessidade de movimento se reflete diretamente no trabalho dos atores. São personagens que não estão estáticos, nem presos ao papel de vítimas, sofrendo ou chorando constantemente. Mesmo nas situações mais dramáticas, eles estão em busca de soluções, tentando resolver e seguir em frente.

5. Qual foi a cena mais desafiadora de gravar e por qual motivo?

Este filme foi todo construído de forma muito delicada e desafiadora. O principal desafio esteve exatamente nessa delicadeza, como mencionei: contar a história de uma maneira sensível, sem transformá-la em um grande melodrama pastelão.

6. ⁠O que torna o filme relevante para o público internacional?

O filme é relevante por vários motivos. O principal deles é que, nos últimos anos, vivemos sob a sombra de ameaças de entra em um novo regime militar proposta pelo ex-presidente. Isso nos assombrou, cerceou e apavorou por muito tempo.

Assistir a uma obra que retrata o que uma ditadura pode fazer com o povo, com os cidadãos e com as famílias foi um grande acerto. O filme foi extremamente oportuno nesse sentido e com um timing impressionante para abordar esse tema.

Quando colocamos em perspectiva uma família sendo desfeita de forma tão trágica e afetada dessa maneira, acredito que todos se identificam. Afinal, estamos falando de família, amor e afeto.

7. ⁠Qual a importância de filmes como Ainda Estou Aqui para a visibilidade no exterior e seu impacto nas indicações ao Oscar para o cinema brasileiro?

Esse filme tem uma importância extrema. É um marco para o cinema brasileiro, sendo o filme que chegou mais longe, com três indicações ao Oscar, é de relevância imensa.

Acredito que irá alavancar o cinema brasileiro a outro patamar, fazendo com que passemos a ter uma presença mais significativa no radar do cinema internacional e, especialmente, do cinema americano ligado ao Oscar.

Historicamente, poucas vezes nos sentimos tão representados quanto agora. Já tivemos outras indicações ao Oscar no passado, como Central do Brasil e Cidade de Deus, mas agora com três indicações ao Oscar e uma atriz premiada com o Globo de Ouro.

Isso coloca o Brasil no mapa dos grandes produtores e da indústria cinematográfica mundial. É extremamente importante ter um filme brasileiro participando de todo esse circuito e sendo reconhecido dessa forma.

8. ⁠Você esperava por essas indicações do Oscar? Como foi a sua reação?

Minha reação é de alegria extrema. Sempre soube do potencial do filme e do quanto ele era especial. Tínhamos criado algo muito único e relevante. Mas, obviamente, nunca se espera receber três indicações ao Oscar.

Estamos sendo amplamente reconhecidos e isso já é um grande prêmio. As três indicações ao Oscar, prêmio em Veneza, Globo de Ouro e todas as outras indicações em festivais internacionais mostram o impacto do filme. Isso já é uma grande conquista e considero o filme um enorme acerto.

Elenco de Ainda Estou Aqui Mostra SP

Elenco de Ainda Estou Aqui na estreia do filme na Mostra SP (Foto: Nicolau Mitsuo Satudi)

Ainda Estou Aqui é um olhar profundo sobre um período específico da história do Brasil

Baseado nas memórias de Marcelo Rubens Paiva, o filme Ainda Estou Aqui narra a emocionante jornada de Eunice Paiva (Fernanda Montenegro) após o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello).

Sequestrado pela ditadura militar, Rubens nunca mais foi visto, deixando Eunice e seus 5 filhos profundamente abalados e em uma busca desesperada por respostas e justiça, precisando reconstruir a vida e criar seus filhos sozinha, com a angústia de não saber o paradeiro de seu companheiro.

O longa transporta o público para a década de 1970, um período sombrio e marcado pela repressão e censura do regime militar no Brasil. Esse drama biográfico lança luz sobre um aspecto pouco explorado da ditadura: a tortura psicológica infligida às famílias dos desaparecidos.

O significado da indicação ao Oscar para o cinema brasileiro

A indicação de Ainda Estou Aqui ao Oscar representa um marco de reconhecimento internacional para o cinema brasileiro. A combinação entre o reconhecimento da crítica especializada e o apoio popular tornou o longa um dos principais candidatos à cobiçada estatueta dourada.

Neste sentido, o renomado agregador de críticas Rotten Tomatoes concedeu ao filme o selo Fresh, tendo em seu site uma impressionante aprovação de 94% da imprensa especializada.

Esse respaldo crítico, somado ao triunfo de Fernanda Torres no Globo de Ouro e à intensa participação dos espectadores nas plataformas digitais, consolidou a posição de Ainda Estou Aqui como um destaque absoluto na corrida pelo Oscar deste ano.

Onde assistir ao Oscar 2025?

A 97ª edição do Oscar está marcada para o dia 2 de março, no icônico Dolby Theatre, em Los Angeles. O evento será transmitido no Brasil a partir das 21h (horário de Brasília) pelos canais TNT e Max.

A expectativa é grande para a cerimônia, onde Ainda Estou Aqui terá a chance de conquistar três prêmios: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres, que já fez história ao conquistar o Globo de Ouro de Melhor Atriz.

Autor

  • Fernando Polacchini

    Jornalista graduado pela Universidade Mackenzie e mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas. Possui mais de 5 anos de experiência, com ênfase em política, cultura e esportes.

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